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Foto do escritorEduardo De Oliveira

Lalá



Já era dezembro, basicamente a última semana antes das festas de fim de ano. E que ano!

Enquanto tomava um café, sentia o corpo moído e a alma destroçada, mas afinal de contas, eu acho que é assim mesmo que chegamos em dezembro. Ainda mais depois de todo um ano conturbado, com tantas mudanças e transformações.

Um movimento frenético de gente nas ruas, um vai e vem consumista pelas calçadas, tantos rostos comuns, mas o loiro dos seus cabelos de certa forma reluziram no meio daquela multidão. E como um flash de uma polaroide, e quase inacreditável, encontrei com a ultima pessoa que imaginaria estar por ali.

Lalá e seu sorriso inconfundível, que ao me ver, nem parecia que já tinha anos que não nos víamos.

Meio desconcertada, passou rápido por mim me dando um oi, e disse que já voltaria ali para falar comigo. Desconcertado fiquei eu, que realmente imaginava nunca mais vê-la novamente.


E eu a aguardei, e alguns minutos depois ela retornou e veio falar comigo. Me deu um abraço apertado como era no passado.

Naquele momento eu me senti como um adolescente, nervo e falando nada com nada, mas ela me entendia mesmo assim, e sorria.

Ela também estava ali para fazer compras, pois passaria o Natal na casa da mãe, que morava aqui na cidade. Estava cansada, suada e vermelha, pois era verão, e como todo pessoa branquinha logo logo fica com a cara avermelhada pelo calor.

Conversamos rápido pois ela ainda tinha que correr para comprar uma lista de coisas e eu tinha que voltar para o trabalho. Nos despedimos rápido e cada um foi para um lado.


No meio do caminho retornando para o trabalho, me veio a ideia de convida-la para almoçar. Pensei até que na correria, ela poderia nem ler a mensagem a tempo, pois era o nosso único meio de comunicação no momento. Mesmo assim eu resolvi arriscar, e a chamei para almoçar comigo. Pouco tempo depois ela me respondeu, dizendo que topava, e pediu para eu me encontrar com ela no meio do caminho do restaurante sugerido.

Já no restaurante, o papo era tão natural e tranquilo, que mesmo após anos sem nos ver e sem conversarmos, dava a impressão que nossa ultima conversa foi ontem. Desde sempre tivemos uma ótima conexão e amizade.

Conversamos sobre nossas vidas, o que fizemos e deixamos de fazer nesse período. Falamos sobre nossos relacionamentos, que eu já não estava mais casado e que ela ainda estava firme e forte com o ex que ela havia voltado no passado. E esse foi o maior motivo de não termos mais contato um com o outro, pois havia um grande respeito de ambas as partes, e não era nada legal e saudável mantermos contato quando ambos se encontravam em um relacionamento.

Apesar de todo o contexto, foi uma conversa muito produtiva, leve e entre uma frese ou outra, criávamos "memes" na hora com cada situação.


Resolvi acompanhar ela para o resto de suas compras, e eu acho que tanto eu quanto ela, esquecemos por uns instante ou outro da nossa real situação. E continuávamos como dois adolescentes entre uma loja e outro, brincando até com o tamanho da fila do caixa. Mas acho que nada disso importava naquele momento, pois a companhia um do outro deixava qualquer outra coisa ao nosso redor insignificante.

E como de praxe em pleno verão, aquele sol escaldante virou rapidamente um temporal. E tivemos que correr entre marquises, lonas de barracas e pulando de poças d'agua, para poder chegar até a loja da mãe dela, onde ela deixaria as comprar e retornaria para casa.

Antes de chegarmos na loja, paramos na esquina para que eu pudesse me despedir dela. E mesmo em meio ao temporal, nos abraçamos forte, e não, não teve beijo de despedida. Teve respeito e um obrigado pela ótima companhia um do outro.


Ainda trocamos algumas mensagens durante o dia, e a noite conversamos pela ultima vez. E pude enfim falar com ela sobre o tal amor, que ele disse ter por mim no passado. Que depois de todos esses anos eu entendia o real significado, que não era um amor carnal, era simplesmente amor estar ao lado daquela pessoa.

Por motivo obvio, ela me bloqueou novamente e disse que sabia que se precisasse, eu daria um jeito novamente de falar com ela. E que outra hora a vida iria tratar da gente se esbarrar novamente.

E me agradeceu mais uma vez pela companhia...


Se me arrependo? Claro!

Mas não me sinto no direito que atrapalhar a felicidade e as escolhas de ninguém. Afinal de conta ela estava certa, uma hora a vida pode fazer nos esbarrar de novo, ou não.

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